(por Luciane Alves)
Já tinha ouvido falar da cantora paulista Tássia Reis e sua importância para o rap nacional. Inclusive, perdi uma boa oportunidade de vê-la ao vivo com a negra linda que é a Janine Mathias. Mas nunca tinha parado para ouvir de fato a letra que ela manda. E digo: minha.gente,.não.seje.como.eu.fui!!!
Além da voz com timbre para lá de delícia, tem uma carninha ali na voz que sai dessa negra que benze a gente. Vocês entenderão o que digo ao ouvi-la. Mas não é só isso. O disco pelo qual me transcendi até ela foi o Outra Esfera (2016), seu mais recente trabalho. A Miri já até falou aqui da arte gráfica do disco, com assinatura de Domitila de Paulo, e me incumbiu da parte sonora. Ô glória! Ter contato com a mensagem que fala de machismo, racismo e pobreza de modo tão direto, doce e com uma sonoridade bem arranjada, sério, me tornou outra.
“Ouça-me” é uma das faixas pancadas do disco. “Se o que eu digo lhe fizer algum sentido, é porque o sangue de Rainha Nzinga ainda corre em mim”: seu axé faz nossa pele tremer. “Da lama/ Afrontamento” traduziu tanto da minha história pessoal, “dos becos que vim”, que me vi um tanto quanto extravasada. Outra Esfera é desses discos essenciais para ir além nas discussões de feminismo. É rapper negra feminista falando: vamos ouvir com atenção.
O disco está disponível no youtube.
Surpreendente:
Virando fã: