Dentre todos que amo, há um seleto grupo, que também existe no WattsApp com o nome de Bonde do Tigrão. Entre encontros e desencontros da vida, criamos um ritual sempre cercado de gordices e afeto na cozinha acolhedora de Mara. Na mesa de seis lugares (sete quando a pequena Clara aparece cantante) discutimos política, astrologia, macumba e finalizamos com um jogo de Tarot. Bruno, que perde Ibi’s, me fez atentar para as narrativas que uma carta pode trazer. Sim, estamos falando de leitura de imagem, memória e inconsciente. O que faz cada carta ter inúmeros significantes a partir das experiências de cada indivíduo. Posso, aqui, fazer uma relação com espaços expositivos nos quais nós, artistas, não possuímos domínio algum sobre o que nosso espectador irá levar dali.  Pois bem, falo tudo isso para apresentar um trabalho que muito me encanta, Ghetto Tarot, de Alice Smeets.

Smeets é fotografa e cineasta, e utilizou o tarot como terapia. Ela entende as leituras como um processo curativo e se utiliza da fotografia para comunicar questões sociais. Apesar de não ser negra, em oposição à grande maioria dos artistas que aparecem aqui, indico seu trabalho, que muito dialoga com Desapropriam-me de mim, pois acredito ser relevante unicamente por se tratar de um processo curativo e transformador.

Em Ghetto Tarot, a artista propõe aos modelos que resignifiquem o gueto haitiano a partir das cartas do tarot, trazendo a nós uma nova paisagem do entorno haitiano. Ela procura transformar as sombras em luz, e consegue fazer isso lindamente.

 

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3 thoughts on “O Tarot haitiano de Alice Smeets

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