Acho que, dentre todas as últimas referências citadas aqui em Desapropriam-me, Denise Camargo é a única que já tenho uma ligação afetiva para além do referencial teórico. Não, eu não a conheço, assim como não conheço presencialmente muitas das referências que estão aqui. Falo deste meu carinho por ela porque sei de onde venho, e sou grata a todos aqueles que me fizeram chegar até aqui.
Conheci o trabalho de Denise quando vi, no Youtube, uma mediação que ela fez (se não me engano com o diretor de Jardim das Folhas Sagradas). Meu encantamento com seu posicionamento foi instantâneo – coisa típica de quem se admira com mulheres que tem dendê no lugar de sangue correndo nas veias. Obviamente fui stalkear (risos, sou destas), a adicionei no facebook e a parabenizei pela sua fala. Anos depois, fui surpreendida com um convite para participar de uma exposição, Corpo Imagem nos Terreiros (2014), cuja curadoria ela assinava e que ficou em cartaz na Caixa Cultural de Brasília.
Penso que essa curadoria deva ser um desdobramento de deus últimos trabalhos, em especial do E o Silencio de Nagô calou em mim no qual corpo e imagem habitam o mesmo espaço. Por ser o lugar onde habita, Denise não se faz estrangeira, mas entende e nos aproxima de seus territórios – e aqui penso também nossa matéria física como território –, nos colocando naquele corpo ancestral de rito de candomblé em imagens que nos tiram do chão.
P.s.: Denise é Doutora pela Universidade Estadual de Campinas, e fica aqui o convite para ler sua tese completa.