Maria Magdalena Campos-Pons: taí uma artista que me faz perder o chão. Magdalena é cubano-americana, e trabalha com fotografia, instalações, performance e vídeos, todos eles pensando a diáspora africana.
A artista traz em seus trabalhos uma relação fortíssima com deslocamentos de identidade, memória, infância, religião e negritude. Talvez minha admiração seja pelas motivações da artista e essa ânsia dela por memória (que também me toma).
Sim, o trabalho dela é autobiográfico. Como a maioria dos trabalhos que temos visto aqui, suas questões são muito bem resolvidas e me atravessam sem necessariamente eu ter um contato mais aprofundado com as narrativas que ela cria. Entendo que todo trabalho artístico é de autorrepresentação, sendo impossível se distanciar a arte da própria história, mas confesso que isso às vezes me incomoda.
Percebo no caminho das artes visuais um certo umbiguismo: nós temos a obrigação de estudar previamente a história do artista, suas dores e amores para poder entender os seus trabalhos. Isso não existe nos trabalhos de Magdalena, talvez pelos signos usados por ela, que me são comuns, ou mesmo pelas semelhanças dos repertórios de pesquisa. A única certeza real que tenho é que cada obra dela me toma o ar.